A clássica divisão entre esquerda e direita imperou unânime e inconteste na análise político-cultural até pelo menos a década de 30, e se prolongou um pouco aos trancos e barrancos até a queda do muro de Berlim. Hoje, porém, faz água por todos os lados. É absolutamente impraticável usar este velho esquema para analisar situações como as da Ucrânia, da chamada primavera Árabe ou até mesmo, no plano interno brasileiro, entre a grande mídia e o governo do PT.
Por quê?
A divisão esquerda-direita supunha uma situação político-cultural de certo equilíbrio: esquerda e direita estavam no mesmo plano, não havia um desequilíbrio de forças decisivo entre elas. Cada uma tinha seus trunfos e suas fraquezas. Não é mais o caso hoje. Hoje, pelo menos no Ocidente, não temos uma divisão de potências e poderes, mas um único poder soberano que procura caçar os poucos focos de resistência que ainda lhe escapam, sejam eles, segundo a velha divisão, de esquerda ou de direita.
Se se insistir em usar hoje uma metáfora espacial para descrever as lutas políticas do momento, seria muito mais útil e esclarecedor usar o par alto-baixo do que esquerda-direita. Há hoje as forças que estão (muito) por cima e as que estão (muito) por baixo.
O que implica estratégias completamente diferentes. Hoje, o que importa é salvar o essencial, sobreviver, muito mais do que buscar o conflito aberto.
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